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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Faltam médicos nefrologistas na Paraíba; Estado tem apenas 26 profissionais


O atendimento aos pacientes renais enfrenta problemas na Paraíba: faltam nefrologistas, unidades de terapia renal substitutiva (hemodiálise e diálise peritonial), culminando com um diagnóstico tardio e óbitos precoces. Para se ter uma ideia, enquanto o Brasil tem uma média, ainda deficitária, de um profissional para cada grupo de 61.785 habitantes, o Estado apresenta uma proporção mais que duas vezes pior, tendo um profissional para 144.878 paraibanos.

Os dados foram revelados pelo Censo Brasileiro de Diálise, realizado em 2010 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), que apontou que a Paraíba conta com apenas 26 nefrologistas para atender um público de pacientes renais crescente. Embora o Ministério da Saúde (MS) não disponha do número de doentes renais por Estado, somente em João Pessoa, conforme o diretor de regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alessandro de Souza, há 464 usuários em terapia renal substitutiva nos serviços conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS).

A reportagem também buscou os números com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que informou que eles deveriam ser solicitados à Secretaria de Comunicação (Secom). A diretoria de jornalismo da Secom, por sua vez, informou que iria verificar se a SES possui os dados, mas, até o fechamento desta edição, e após vários telefonemas, não deu retorno quanto à demanda.

Ainda conforme o estudo da SBN, a proporção de nefrologistas na Paraíba também está bem abaixo do percentual nordestino, que é de um especialista para cada grupo de 97.758 moradores. Como consequência de tudo isso aparece a dificuldade dos pacientes, sobretudo aqueles que utilizam o SUS, em conseguir atendimento especializado e ter um diagnóstico preciso e precoce. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Rinaldi, a maioria passa pela rede de atenção básica (Unidades de Saúde da Família) e a secundária (ambulatórios de especialidades) sem um diagnóstico.

“Aí o paciente renal acaba entrando na porta de emergência dos hospitais já com a disfunção renal e precisando de hemodiálise”, afirmou o especialista, comentando que dos mais de 92 mil pacientes em hemodiálise, atualmente, no país, 80% não tiveram acesso ao tratamento com o nefrologista. Além disso, Daniel enfatizou que ao longo dos anos o número de pacientes renais crônicos tem diminuído porque eles têm falecido antes mesmo de entrar na diálise.

Somente em 2009, segundo dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde (MS), 267 pessoas morreram por complicações renais, na Paraíba. Em 2005 havia sido 256 óbitos. Um crescimento que pode ser considerado pequeno (4,1%), mas que é preocupante levando em conta que com o tratamento adequado o paciente renal pode ter longevidade. Conforme os números da SBN, em nível nacional, nos últimos dez anos houve um crescimento de 38% na taxa de mortalidade dos renais. Nesse período foram registrados 16,5 mil óbitos.

“Muitos amigos meus faleceram porque consultavam-se com o médico, e não só do SUS, e ele dizia que era problema de coluna, de coração, ou qualquer outro, enquanto o diagnóstico era a insuficiência renal. Inclusive essas pessoas foram tratadas para ‘curar’ esses outros problemas, ao invés do real”, afirmou Antônio Heliton, presidente da Associação dos Renais Crônicos e Transplantados e Doadores da Paraíba (Renais-PB).

Ainda segundo o presidente da SBN, Daniel Rinaldi, o diagnóstico da disfunção renal é simples, basta o exame de creatitina (realizado no sangue e na urina), que está disponível na rede pública. É recomendado que todas as pessoas realizem o teste anualmente, sobretudo aquelas que têm predisposição genética para desenvolver problemas renais, ou quem apresenta algum dos fatores de risco, como diabetes, hipertensão, histórico de ingestão de álcool e prática de tabagismo.

Daniel enfatiza, ainda, que os problemas renais não apresentam muitos sintomas – mais um dos contribuintes para o diagnóstico tardio. Quando eles aparecem podem ser: mal-estar geral, anemia, inchaço, pressão alta constantemente, ou seja, sinais inespecíficos. Dos mais de 5.500 municípios brasileiros, apenas cerca de 350 têm nefrologista, conforme a SBN.

Jornal da Paraíba

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