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segunda-feira, 21 de março de 2011

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.


Prezado Luis, quanto tempo.

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ...) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros . Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto!

No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.
 
 
(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Será mesmo... que Campina continua a não existir para Ricardo. E Cássio continua calado...

Antes de dizer tudo o que me vem à cabeça, é necessário que o leitor entenda meu ponto de vista. Se estiver errado, dou meu braço a torcer. Vamos partir do princípio de que Ricardo Coutinho tenha iniciado a pré-campanha embasado numa gestão de prefeito bem avaliada em João Pessoa, mas desconhecida do resto da Paraíba. Certo? Eu mesmo falei isso aqui, um ano antes da campanha, e todos concordaram com meu ponto de vista.

Agora, passemos à outra parte. Decidida a candidatura do ‘Mago’ ao Governo do Estado, era preciso que ele tivesse força no interior. Certo? Certíssimo. E esse trabalho do interior tinha que começar por Campina Grande, a segunda maior cidade da Paraíba e centro das discussões políticas do Estado. Certo? Certíssimo.

Pois bem. Na cabeça do Mago, claro que Campina Grande aparecia como sua principal intenção política, depois de João Pessoa. Então, coube a ele pavimentar uma aliança com a cidade. Essa aliança não poderia ser feita com um dos grupos, que apoiava o então governador José Maranhão, pretenso candidato à reeleição. E, do outro lado, estava Cássio, a quem combatera durante toda a vida.

A dúvida era: aceitar compor com José Maranhão e ganhar uma vaga de Senador na chapa, ou partir para a disputa rompendo com Maranhão, indo para o lado de Cássio e de Efraim e tentando o Governo do Estado. Todos devem tirar o chapéu para o Mago, que escolheu o caminho mais difícil. E se deu bem, não interessam os motivos de sua vitória e da derrota de Maranhão. Pelo menos neste contexto.

Pois bem. Veio a vitória e Ricardo foi eleito. E, todos devem concordar, sua vitória foi consolidada em Campina Grande, que atendeu ao apelo de Cássio e votou no Mago em peso. Mas e aí? Acabou? Sim, infelizmente. O que Campina significou para o Mago já era. Se não, vejamos, já que não sou de afirmar e não argumentar:

- Quantas vezes Ricardo Coutinho apareceu em Campina Grande ou visitou uma emissora de rádio local, para agradecer os votos obtidos na cidade?

- Porque Ricardo criou uma Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Articulação Municipal, considerando que Campina é sede da Secretaria De Interiorização das Ações de Governo?

- Porque Ricardo recebeu um grupo de vereadores de Campina Grande menos de uma semana depois da solicitação da audiência, só um dia após eles terem ido à imprensa dizer que iriam romper politicamente, enquanto que o prefeito da cidade já pediu audiência há bem mais tempo e até agora nem resposta obteve? O critério político vale mais que a atenção que a cidade merece?

- Porque o Hospital de Emergência e Trauma continua fechado, mesmo depois de o próprio governo admitir que dispõe de gente capacitada para operar os equipamentos, tanto que os está retirando para o antigo Hospital Regional?

- Porque a Escola de Audiocomunicação de Campina Grande continua desativada, mesmo a sua desativação tendo ocorrido no mês de janeiro, já na administração de Ricardo?

- Porque aliados de Cássio, o grande responsável pela vitória de Ricardo em Campina, continuam no desprestígio, a exemplo do advogado José Araújo do Nascimento, que foi coordenador jurídico da campanha do ‘Mago’ em Campina e anunciou que quer ver o capeta na frente, mas não quer encontrar mais com Cássio, Rômulo, Romero, Ludgério e o próprio Ricardo?

- Porque o Governo do Estado suspendeu, no início do ano, todas as obras de pavimentação de estradas na zona rural de Campina Grande, iniciadas no governo José Maranhão?

- Porque o Governo do Estado suspendeu todas as obras de pavimentação de ruas na zona urbana de Campina Grande, no início do ano?

- Porque o Governo do Estado suspendeu o apoio aos eventos turístico-religiosos realizados no período de Carnaval em Campina Grande?

- Porque o Governo do Estado mandou suspender o tratamento que custeava de uma oficial do Corpo de Bombeiros de Campina Grande, vítima da truculência dos comandantes e que, hoje, praticamente vegeta em uma cama de hospital em Campina?

- Porque o Governo do Estado mandou suspender o fornecimento de medicamentos excepcionais às famílias carentes de Campina Grande que tem pacientes em tratamento, através do CEDMEX?

- Porque o Governo do Estado cortou parte do repasse financeiro feito à Universidade Estadual da Paraíba nos meses de janeiro e fevereiro?

- Porque o Governo do Estado mandou suspender a construção da Biblioteca Central da Universidade Estadual da Paraíba em Campina Grande?

- Porque o Governo do Estado estuda a transferência da sede da Universidade Estadual da Paraíba de Campina Grande para João Pessoa, como denunciou esta semana o vice-prefeito de Campina, José Luiz Júnior?

- Porque Rômulo Gouveia, de Campina Grande, eleito vice-governador, não é ouvido no governo estadual sobre tudo isso?

- E porque os outros deputados e aliados do grupo em Campina Grande também não o são?

Diante de tudo isso e muito mais, é de se perguntar: porque Cássio Cunha Lima, o grande responsável pela vitória de Ricardo em Campina, continua calado? Porque ele não comenta os temas mais - usando palavras do próprio Secretário de Comunicação Institucional do Estado, colega Nonato Bandeira - ‘palpitantes’ em relação ao governo? Porque Cássio, quando instado a emitir sua opinião sobre o Governo do Estado, ‘adoece’, como ocorreu durante o Carnaval?

Se alguém tem dúvidas em relação à relação Cássio-Ricardo, veja o que disse Nonato Bandeira, em recente entrevista à TV Arapuã de João Pessoa, a respeito do silêncio de Cássio:

“Sabemos que ele (Cássio) passa por um momento difícil (...) ele merece nesse momento a nossa solidariedade. Não existe crise, até porque nem os socialistas estão 100% satisfeitos. Isso é natural. Às vezes a gente não agrada a classe política. É natural que os políticos queiram emplacar seus aliados para mostrar prestígio”.

Ora, dizer que Cássio passa por ‘momento difícil’ e por isso não quer falar - e ainda prestar-lhe solidariedade - é relegá-lo à condição de ‘coitado e dependente’ de Ricardo. Não acham? Depois, dizer que ‘nem os socialistas estão 100% satisfeitos’ quer dizer duas coisas: primeiro que, realmente, existe insatisfação por parte de Cássio e aliados e, depois, que os socialistas merecem mais espaços no governo que o grupo de Cássio. E, para o fim da picada, dizer que ‘é natural que alguns políticos queiram emplacar seus aliados para mostrar prestígio’ é dizer que Cássio não tem mais prestígio algum e precisa de Ricardo para tê-lo.

É... Cássio... quem te viu e quem te vê...

"Carlos Magno"

quinta-feira, 3 de março de 2011

O Encontro

Repassando como piada, mas não tem graça alguma.
Seu valor está apenas em, ao expor fatos verídicos, mostrar o "desvalor" de uns e outros.
Piada contada na Praça João Lisboa em São Luís (MA), pelos frequentadores do Largo fronteiro aos  Correios:
Em uma de suas viagens, no jatinho do laranja dono de uma faculdade maranhense, Sarney, com o seu pijama de seda,
fazia a leitura diária de seu Maquiavel em um aposento privativo do avião.
No mesmo vôo, vinha sua assessoria e os puxa-sacos.   Em dado momento eis que aparece o diabo.
Nesse instante, para não perder a viagem, o coisa ruim disse que o jato iria cair e todos morreriam e começou a fazer o avião balançar muito.   Apavorados, os assessores foram até a cabine onde se encontrava o tranqüilo chefe e contaram o que estava acontecendo.
Zangado, o Senador saiu do cômodo e foi ter com o diabo e perguntou:
- Você sabe quem sou eu?
O Diabo: - Sei sim, o Sarney!
Sarney: - Você sabe quem mandou prender o Zé Rinaldo Tavares usando seu prestigio junto à Justiça e à PF
para satisfazer os caprichos de minha mimada filha?
O Diabo: - Com certeza foi Vossa Excelência.
Sarney: - Você sabe quem manda no Amapá e até no desafeto Capiberibe?
O Diabo: - É o senhor.
Sarney: - Você sabe quem não deixou o Governador eleito do Estado do Maranhão trabalhar,
e fez de tudo até tirá-lo do cargo no tapetão e colocar sua filha?
O Diabo: - O senhor é fogo..., não há dúvida que é o senhor!
Sarney: - Você sabe quem manda no Lula e em centena de petistas?
O Diabo: - O senhor, é claro!
Sarney: - Você sabe quem mandou durante quarenta anos no Maranhão, transformando- o no Estado mais pobre
e que tem o menor IDH do país, construiu também um mausoléu num lugar que era do Estado só pra satisfazer seu ego?
O Diabo: - É demais! Foi Vossa Excelência!
Sarney: - Sabe quem dá as cartas na Eletronorte, BNDES, Ministério das Comunicações, Correios, Petrobrás e tem grandes influências em quase todos os Ministérios e na Câmara dos Deputados.?
O Diabo: - Não tenho dúvidas que é Vossa Excelência.
Sarney: - Você sabe quem é sócio de um Banco em Miami, foi sócio do ex-Banco Santos, é sócio de uma indústria de automóveis na Índia, sócio de um grande hospital, de um shopping e de dois prédios na avenida mais movimentada de São Luís,
além de possuir vários quadros famosos e livros raros em uma ilha?
O Diabo: - Isso nem eu sei dizer de quem é, mas na dúvida...,  acho que é do Senador.
Sarney: - Sabe quem Ricardo Murad chama de painho e toma a benção todo dia por telefone antes de sair de casa?
O Diabo: - Francamente. ...., é o senhor !
Sarney: - Você sabia que agora sou Presidente do Senado só para abafar uma investigação da PF e tirar o Tarso Genro,
tudo  para mostrar ao Lula quem manda?
O Diabo: - És pior que eu !
Sarney: - Sabe quem possui o maior império de comunicação do Brasil para manipular pessoas em um Estado que tem um dos maiores índices de analfabetismo do país?
O Diabo: - Cruz credo! És tu.
Sarney: - Sabes quem é meu genro?
O Diabo: - Vou enfartar...
Sarney: - Se liga! Se eu morrer, com certeza, vou para o inferno, e sabe quem vai mandar por lá?
O Diabo: - Sai pra lá, coisa ruim!
Neste exato instante o diabo escafedeu-se e o avião parou de balançar e tudo ficou como antes...
O HOMEM PODE NÃO TER FALADO AINDA COM O DIABO, M
AS O RESTO   É TUDO VERÍDICO !!!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

Escolas não vão reprovar alunos‏ - O inicio do descalabro educativo...

Foi precisamente desta forma que a alguns anos em Portugal se iniciou o processo de destruição da capacidade de ensinar, e de aprender, e se deu lugar a ileteracia que temos hoje... o Brasil infelizmente quer seguir um mau exemplo, já comprovado!!!

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MEC orienta escolas a acabarem com reprovação de alunos nos três primeiros anos de ensino fundamental.
A recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de não reprovar alunos das três primeiras séries do Ensino Fundamental tem dividido opiniões e provocado debates entre profissionais e gestores da área. Na Secretaria de Estado da Educação (SEE), a gerente operacional do Ensino Fundamental, Edvirges Soares, disse que aprova a ideia. "Acredito que a adoção do ciclo da alfabetização garante mais qualidade na educação. Se a criança consegue se alfabetizar e desenvolver o raciocínio lógico, facilmente vencerá as outras fases", disse.
Com base no parecer 4/2008, do CNE, que trata do assunto e deixa a escolha a cargo das secretarias estaduais e municipais, as diretrizes do Ensino Fundamental na rede estadual garantem a estas crianças uma promoção automática. "Mas, ainda estamos trabalhando com o sistema seriado, ou seja, enquanto a recomendação do CNE não for regulamentada na Paraíba, continuamos reprovando, exceto os alunos do primeiro ano", ressaltou.
A metaé alfabetizar as crianças até os 8 anos de idade, seguindo a linha recomendada pelo Ministério da Educação.A gerência, que faz parte do Conselho Estadual de Educação, vai solicitar o andamento da resolução. "Só podemos orientar as escolas quando tivermos essa resolução", esclareceu. O prazo é até o final do ano, mas a perspectiva é que a decisão seja tomada antes disso. Na rede estadual de ensino, o número de alunos matriculados do 1º ao 5º ano em 2009 era de 79.726. No três primeiros anos do Ensino Fundamental eram 44.168, sendo 10.565 no 1º ano; 16.887 no 2º; e 16.716 no 3º.
Entre 2005 e 2010, quando foi adotado o Programa Circuito Campeão de prevenção à repetência, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, os índices de reprovação e de evasão no Ensino Fundamental da rede pública estadual diminuíram. Antes da implantação do programa, o índice de aprovação era de 56%. "Temos resultados hoje de aprovação acima de 80%, o que consideramos um grande avanço", destacou a gerente. Em 2009, os alunos do 4º ano - equivalente à antiga 3ª série - tiveram um índice de aprovação de 86,9%. No ano anterior, este percentual chegou a 91,1%.
Em 2010, no entanto, houve déficit no rendimento dos alunos das três primeiras séries do Ensino Fundamental. Embora não tenha citado números, a gerente disse que a queda é atribuída a dois acontecimentos: a Copa do Mundo e as eleições. "A partir do segundo semestre, as escolas foram solicitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e os alunos ficaram mais de uma semana sem aula em cada turno das eleições. "Isso acaba quebrando o ritmo, e atrapalha o aprendizado", justificou.
Este ano, as escolas estaduais ainda não estão trabalhando com o Programa Circuito Campeão. "Estamos esperando uma resposta do governador", completou. A rede estadual de ensino possui 1.036 escolas. Em 2010, mais de 385 mil alunos se matricularam. Este ano, foram oferecidas 40 mil vagas a mais.
Escolas municipais já adotam proposta do ministério........
Nas escolas municipais, a recomendação do Conselho Nacional de Educação vem sendo adotada. A secretária de Educação de João Pessoa, Ariane Sá, ressaltou que o aluno em processo de alfabetização não pode ser reprovado. "Nós entendemos que ele deve ser acompanhado e estimulado para superar as dificuldades. Para isso, eles contam com o acompanhamento sistemático", disse. O diretor de Gestão Curricular, Marcelo Bandeira, lembrou que o município investe, desde 2005, num projeto de apoio pedagógico em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mais de 500 estudantes dos cursos de Pedagogia, Letras, Matemática, Ciências, Licenciatura em Inglês atuam como estagiários, junto aos professores, reforçando o conteúdo visto em sala de aula.
"Este projeto tem ajudado a melhorar o aprendizado e a diminuir os índices de reprovação. Em 2010, chegamos a mais de 87% de aprovação em relação a 2005, quando o índice era pouco maior que 50%, ou seja, estava abaixo das expectativas do Ministério da Educação", observou. Ariane Sá destacou que em 2010, o resultado da Provinha Brasil - instrumento de avaliação do Ministério da Educação - apontou que 97,45% dos alunos de 7 anos que estavam no 2º ano do Ensino Fundamental foram aprovados. Para Ariane, o fracasso escolar pode provocar consequências gravíssimas na vida do aluno. "A criança que se sente incapaz de aprender pode ter traumas futuros", afirmou.
Por isso, localizamos as que tiveram dificuldades, que representam pouco mais de 2% do total, e vamos trabalhar no sentido de melhorar o aprendizado. Se conseguirmos alfabetizá-las, elas chegarão as séries seguintes com potencial avançado e poder cognitivo. A criança precisa saber ler, mas mais importante do que isso é compreender". Em João Pessoa, existem 92 unidades de ensino. No ano passado, eram mais 70 mil alunos matriculados. Este ano, o município abriu 11 mil novas vagas.
Saiba mais
l A recomendação do Conselho Nacional de Educação prevê a aprovação dos alunos nos três primeiros anos do Ensino Fundamental, criando o Ciclo de Alfabetização e Letramento. A medida tem validade já neste primeiro semestre. Por não ser uma lei, os conselhos municipais e estaduais podem decidir se adotam o novo método ou se permanecem com o sistema seriado, reprovando os estudantes que não conseguirem o resultado esperado para cada uma das três séries.