PARAIBA VOX

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Maioria dos doentes não recebe remédios para Alzheimer no Brasil

Um levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais traçou o Mapa do Alzheimer no Brasil. O resultado preocupou os pesquisadores. Dos quase 400 mil pacientes com indicação para tomar o medicamento contra a doença, apenas 12% - pouco mais de 47 mil pessoas - recebem os remédios, que são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Na Parahyba se faz com o sol o que se faz com a vida

Como é seu nome? Peraí que vou lhe ensinar como se faz: Como é sua graça, por favor? Como é sua graça, por favor? Perguntei então. Bráulio Ferreira. Respondeu do alto da sua cadeira de rodas o senhor no asilo dentro da Mata do Amém, uma reserva florestal as margens do Rio Paraíba, em João Pessoa. Fazem apenas três dias que retornei é já aprendi uma lição que não vou mais esquecer.

Certos resgates se fazem em momentos que não compreendemos bem, por estarmos demasiadamente absorvidos pelo viver aqui e agora. Ao mesmo tempo outros resgates são imediatos e se mostram no exato momento em que acontecem. Já se passaram mais de três anos desde que estive aqui, de onde escrevo, da minha terra natal. Depois de ir e voltar, para depois partir novamente, retornei com mais certezas do que quando me fui das terras paraibanas. Parece que está tudo no mesmo lugar, como deixei, apesar das coisas não serem as mesmas. Rever a família e descansar foram os propósitos desse curto regresso, mas não se pode regressar a algo que nunca se abandonou, mesmo que apenas no coração.

Noite de Natal. Essa fiz questão de passar com voínha. Dona Netinha continua a mesma pessoa: complacente e prestativa, quase serviçal. Sentir o cheiro dela e da casa do meu avô reaviva um memória antiga que nunca se apagou, somente dorme. Depois da festa, sem a presença da família dividida por brigas fúteis de quem se ama e se odeia ao mesmo tempo, fui para casa de Emmy, minha prima e minha melhor amiga, para de lá fazer um programa familiar diferente.

No centro histórico de João Pessoa, em meio às casas construídas durante a ocupação dos holandeses, eu revivia um programa que fiz muito quando morava aqui, curtir um som no Entoca. O bar é em uma casa antiga, perto do Hotel Globo, de onde se pode ver um dos espetáculos mais famosos da cidade: o pôr-do-sol no Rio Paraíba. A noite era de Natal do Jazz, só com bandas locais incríveis. A cultura Nordestina é algo tão presente na vida das pessoas aqui que quase se pode tocá-la nas esquinas, nos rostos, no ar... Músico aqui é profissional, “duro”, mais profissional. A noite começou com Cabeça de Galo, passou por Néctar do Grovee e terminou alucinante com o show de Burro Morto. Ao fundo, nas grandes janelas do galpão antigo, nos fundos da casa, o dia foi amanhecendo na curva do rio, iluminando a mata ciliar que corre ao logo dele, na parte do centro da cidade. Entrei em catarse naquele momento, era como se nada mais existisse além daquilo.

Amigos são a família que a gente escolhe. É o que dizem. Foi nas escadas da igreja do centro histórico, onde meu tio foi seminarista até desistir, que me reencontrei em conversa com alguns bons. Depois da noite de música e sonhos, a manhã foi vendo o dia brilhar no mar da praia do Cabo Branco. Na areia fiz uma oração, molhei as mãos, os pés e a nuca e agradeci com meu coração: Obrigado PAI! No fundo via a Ponta dos Seixas, ponto mais próximo da África no Brasil, então relembrei que sou Paraibano, Nordestino e humano, graças...

Nunca tinha vista em minha vida tantos carros como vi agora em João Pessoa. A cidade parece que cresceu mais rápido depois que eu saí daqui. Me reencontrar com uma Jampa ainda governada pelo PSB, com o prefeito Ricardo Coutinho reeleito com uma das maiores porcentagens do país, 80%, não foi surpresa. Também regressei depois de sair com um Cunha Lima no governo estadual - tucano de mais uma geração de políticos da mesma família. Dessa vez vi uma outra figurinha carimbada da roda viva da manutenção de poder familiar da política nordestina, um Maranhão. Depois de Cássio Cunha Lima ter sido cassado por compra de votos na eleição, o concorrente, José Maranhão, foi empossado, deixando sua vaga no Senado Federal para assumir a batuta do estado, mais uma vez.
Vi na TV que a Estação Ciência, uma obra do estado e do município e mais novo ponto turístico da cidade tinha sido interditada, em plena alta temporada, por falta de documentação no projeto de drenagem superficial e ligação com a rede de esgoto. Meu Tio Duca, que assistia comigo disse: vê como as coisas são políticas, nem saneamento e rede de esgoto tem nessa área ainda! Mas aqui, diferente da realidade catarinense que vivo hoje, não há máscaras quando se trata em entender as relações de poder e as falcatruas polícias. Aqui todo mundo sabe quem é quem e porque faz o que. Mas mesmo com a “putaria” as claras, como eles aqui dizem, o status quô predomina dentro de um conformismo cultural.

O povo Nordestino, pelo menos os daqui, é muito mais prático nos termo da vida do que no sul. As impressões que as pessoas fazem do Brasil são tão ilusórias e carregadas de preconceito que não consigo me confortar com a idéia de acreditar que conhecimento teórico é algo indispensável para uma leitura correta do que é vida social. Vejo atitudes de pessoas simples e, por muitos, consideradas alienadas e ignorantes, carregadas de uma sabedoria prática que tantos, mesmo com todo o amparo da teoria, não conseguem ter. Se a prática sem a teoria é manca – acho que Paulo Freire disse algo parecido – a teoria sem a prática é cega. Pra mim, hoje, a atitude de coerência sob os aspectos humanos mais essenciais deve vir antes de qualquer coisa, mesmo quando não amparada pela teoria. É que determinadas coisas são necessárias mesmo sem a gente entendê-las ainda, muito mais necessárias do que achamos. Inteligência não é uma questão apenas de conhecimento racional, é o equilíbrio entre o ser emocional, espiritual e racional. Isso não apenas contempla a minha condição de se colocar com humildade e admitir minha pequenês, mas reafirma uma existência indissociável da realidade que não é baseada apenas no materialismo fatalista e egocêntrico, que desconsidera uma existência que vai muito além de sociedade, cultura ou história, que transcende nosso restrito mundo dos sentidos e dos fatos terrenos.

Na Mata do Amém, chegamos e já tirei minha câmera, louco para fotografar. Logo veio um homem, vestido de segurança dizendo: Senhor, não pode bater foto aqui. Perguntei por que e ele respondeu: Foi proibido pela coordenadora fulana de tal – não lembro o nome dela. Junto comigo uma amiga geógrafa, Andréia, disse: mas meu amigo, aqui é área pública, não pode proibir. E ele, humildemente, retrucou: são ordens da dotora moça. Pelo menos andamos um pouco, cruzamos a linha do trem que vai para Cabedelo, cidade portuária que antigamente era movimentada pela pesca da baleia, hoje quase morta economicamente, recebe visitantes para ver o Forte de Santa Catarina, com mais de 200 anos, construído para defender a foz do rio que dá acesso a Capital. Foi lá, na Mata do Amém que descobrimos o asilo onde seu Bráulio me ensinou uma lição. Qual é sua graça, por favor? Nunca vou me esquecer disso. Será que é porque quando perguntamos um nome ele deve ser uma graça? Será porque ele me dá seu nome de graça quando peço? Será que é pra dar mais graça a vida, aos humanos que se cruzam e fazem questão de saber seu nome? Só podia ter isso, essa lição de viver, na Mata do Além, de um homem chamado Bráulio. Que no acaso de um regresso me fez lembrar que viver é de graça, o que é caro é morrer sem viver.


Osíris Duarte 27/12/09

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Declarações de Maranhão ao JP colocam PT no canto da parede: “Partido que não concorre ao governo está fadado à extinção”

Sem querer, Maranhão dá lição de moral ao PT

Em defesa da candidatura ao governo do senador Cícero Lucena (PSDB), o governador José Maranhão (PMDB) produziu neste final de semana uma declaração que colocou na parede os dirigentes do Partido dos Trabalhadores.

“O partido que não concorre, mesmo que as possibilidades possam eventualmente não serem tão boas, está fadado à extinção. E a liderança que não participa com dignidade, com uso de uma prerrogativa que é inerente aos homens públicos, é um partido que não merece dignidade e ser respeitado pelo próprio eleitor”, declarou Maranhão, em matéria publicada no Jornal da Paraíba do último sábado.

Em suma, no afã de defender Cícero, Maranhão disse que não merece respeito o partido que não participa com candidato da eleição a governador. A frase, dirigida ao PSDB de Cássio, atingiu o ego de alguns petistas, que estão trabalhando para oficializar o apoio do PT, que só concorreu ao governo em 2002, à candidatura do governador peemedebista à reeleição na disputa deste ano.

Maranhão atirou no que viu e acertou no que não viu.

Fonte: Blog do Luís Tôrres

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Bolsa Marginal...

Recebi de uma amiga, e leitora compulsiva desde blog, e não resisto em divulgar tal e qual recebi.
Considero uma tamanha aberração sem tamanho, que envergonha o Brasil e os brasileiros.

Programa Bolsa-Marginal ?

Você sabia que todo presidiário com filhos tem uma bolsa para sustentar a família, dado pelo INSS, pois o coitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos pois está preso?
Chama-se "Auxílio-reclusão" e, pasmem... quem foi preso a partir de 01/12/2009, recebe R$ 752,12 (quanto está o salário mínimo mesmo, para aqueles que trabalham honestamente????)
O valor do auxílio-reclusão corresponde ao equivalente a 100% do salário-de-benefício (existe uma tabela).

O salário-de-benefício corresponde à média dos 80% do maior salário-de-contribuição do período contributivo, a contar de julho de 1994.

Para o segurado especial (trabalhador rural), o valor do auxílio-reclusão será de um salário-mínimo, se o mesmo não contribuiu facultativamente.
Tire a dúvida neste "site" :

http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22

Pergunta que não quer calar 1:
Por acaso os filhos do sujeito que foi morto pelo coitadinho que está preso recebem uma bolsa para seu sustento?

Pergunta que não quer calar 2:
Já viu algum defensor dos Direitos Humanos defendendo esta bolsa para os filhos das vítimas?

É por isso que a criminalidade não diminui ...

Mate e assalte......

e ganhe o Bolsa - Bandido...!

E depois o Lula vem dizer que o INSS não tem dinheiro para pagar o reajuste justo aos aposentados...!!!!
Sabe quem está financiando esta regalia do Bolsa Bandido ?
Nós, com os impostos e contribuições!

A CÂMARA DOS DEPUTADOS ESTÁ SEGURANDO A VOTAÇÃO DO REAJUSTE E REPOSIÇÃO DAS PERDAS DOS APOSENTADOS DO INSS QUE JÁ FOI VOTADO E APROVADO PELO SENADO FEDERAL.

APOSENTADOS!
VAMOS PRESSIONAR OS DEPUTADOS FEDERAIS PARA APROVAREM LOGO A REPOSIÇÃO, E, CASO NÃO VOTEM, OU VOTEM CONTRA,

VAMOS EXCLUÍ-LOS DE NOSSA VOTAÇÃO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

DIVULGUE PARA TODOS SEUS CONTATOS, MESMOS ÀQUELES QUE ESTÃO NA ATIVA, POIS ELES SERÃO OS APOSENTADOS DE AMANHÃ...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Paraíba parece que vai retomar o Plano de Desenvolvimento Turistico

Convention Bureau de João Pessoa é convidado para compor comitê que vai implementar plano de turismo para a Paraíba.As construções da BR-101, o Centro de Convenções de João Pessoa, a realização da Copa de 2014 e a retomada das obras do Pólo Cabo Branco, criam uma nova realidade econômica e garantem o desenvolvimento mais rápido do Turismo da Paraíba, nos próximos quatro anos.
Quem garante é a consultora Anya Ribeiro, uma das mais renomadas consultoras da área do desenvolvimento do Turismo do Brasil que, em 2002, elaborou o primeiro grande Plano de Desenvolvimento do Turismo da Paraíba, depois de viajar por 90 municípios percorrendo 12 mil quilômetros em terras paraibanas.Anya é uma das responsáveis pelo crescimento do Turismo no vizinho Estado do Ceará, onde foi Secretária. Ela participa hoje (16), na Cinep (Companhia de Desenvolvimento da Paraíba) de reunião destinada a viabilizar a retomada daquele Plano Turístico, que tem a coordenação dos secretários Edivaldo Nóbrega e Romeu Lemos da SETDE e na oportunidade houve o convite formal ao Convention & Visitors Bureau de João Pessoa a integrar-se ao comitê gestor que vai monitorar o plano de turismo para a Paraíba até 2014.
O gerente executivo do JPAC&VB, Ferdinando Lucena que fez parte da equipe da consultora em 2000, frisou que “além da Anya conhecer bem nossas potencialidades turísticas, ela só faz somar, quando aceita colaborar com uma equipe de técnicos que já vem elaborando um trabalho que pode ser titulado como “Estratégia do Turismo do Estado da Paraíba na Visão de 2014. Não temos dúvidas que brevemente estaremos apresentando um trabalho com ações viáveis e que deverão ser implementadas, algumas delas já de imediato, atendendo, assim, os anseios da capital e de todos os municípios paraibanos”.
Anya garantiu que “muitas indicações, muitas ações do Plano de 2002 foram implantadas. Principalmente no âmbito das ações do Sebrae, que foi o órgão que contratou a nossa empresa. Mas como houve uma avaliação por parte do CONDETUR (Conselho de Desenvolvimento do Turismo da Paraíba), de que o momento da Paraíba é um momento muito positivo, no sentido de que todos os setores estão, novamente, trabalhando juntos, então houve o consenso de chamar a nossa consultoria de volta, para tentar de forma prática e objetiva dar mais um passo nesse desenvolvimento”.
Um dos consensos do grupo gestor composto pela SETDE, SEBRAE, ABBTUR, ABAV, CONVENTION BUREAU, PBTUR e PREFEITURA DE CAMPINA GRANDE é que há um novo tempo para se olhar o desenvolvimento do turismo na Paraíba e qualquer instrumento de planejamento, qualquer plano que seja desenvolvido há que considerar esse tempo – 2014, que é o evento da Copa e que tudo que nós fizermos até lá poderá ficar como um legado transformador, não só da população, pelos programas de capacitação e qualificação; pelas infraestruturas básicas, turísticas e pelas ações de promoção, já que os visitantes passarão a ser os divulgadores do potencial da Paraíba.
In: Turismo - (Assessoria de Imprensa)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

FALTA DE PRESTÍGIO: Paraíba fica “a ver navios” e não recebe recursos do Ministério da Cultura em 2009

Por discriminação ou falta de projetos de incentivo à cultura, ainda não sabemos. Mas, o certo é que o Ministério da Cultura (Minc) não repassou um tostão sequer para incentivos culturais ao Estado da Paraíba no ano de 2009, de acordo com dados extraídos do Siafi (Sistema de acompanhamento dos gastos públicos) e divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo reportagem da Folha, os estados do Rio de Janeiro e São Paulo foram os mais agraciados com os repasses financeiros do Minc, recebendo R$ 199 milhões e R$ 172 milhões, respectivamente, em pagamentos em 2009.
Do total recebido pelo Rio, R$ 71 milhões foram para empresas do setor privado, como, por exemplo, a produtora de cinema Conspiração Filmes, uma das mais prestigiadas do país. Ela recebeu R$ 519 mil, sendo boa parte como "adicional de renda" por conta de seu "desempenho de bilheteria" em filmes como "Xuxa em Sonho de Menina" (2007).
Atrás dos dois Estados, vem a Bahia, base política do ministro e de seu antecessor, Gilberto Gil, ambos filiados ao PV. O MinC repassou no ano passado R$ 25 milhões em pagamentos gerais a esse Estado.
Na relação verba/população, São Paulo recebeu R$ 15,4 por habitante, o Rio, R$ 26, e Salvador, R$ 8,3.
Os Estados de Pernambuco, Ceará e Alagoas conseguiram junto ao Minc, em 2009, recursos na ordem de R$ 8,3 milhões, R$ 6,4 milhões e R$ 6,1 milhões, respectivamente, ficando atrás da BA.
Rio Branco (AC) embolsou R$ 3,5 milhões; Campo Grande (MS), R$ 4,4 milhões; Maceió (AL) recebeu R$ 8,8 milhões; Aracaju (SE), R$ 2,3 milhões; e Manaus (AM), pouco mais de R$ 1 milhão.
O levantamento realizado pela Folha revela a discrepância existente no setor cultural do país, pois, afora o Rio de Janeiro e São Paulo, as 24 demais capitais, juntas, receberam R$ 187 milhões em pagamentos, valor abaixo do destinado ao eixo do Sudeste.
Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Podia ser bem pior...

Uma Pesquisa oficial da Datafolha revela que 40% dos brasileiros consideram o Congresso ruim ou péssimo.
Na realidade estes números, face a realidade, bem que poderiam ser ainda piores, percentualmente falando claro, pois todos sabemos que a % é muito pior atendendo a vergonha que acontece diariamente por exemplo no Senado Nacional.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

2009 na política: a popularidade de Lula


De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi:

Como fizemos no final do ano passado, a coluna de hoje e as próximas duas são dedicadas a um balanço do ano político que termina. Nelas, vamos discutir três assuntos que poderiam ser considerados os mais importantes de 2009.
Em um repeteco de 2008, o primeiro e o que mais impacto teve na nossa vida política este ano voltou a ser o tamanho da popularidade de Lula. Ela chega, neste dezembro, a novos níveis históricos e influenciou de maneira decisiva o segundo tema de que trataremos, a maratona eleitoral em direção a 2010, uma corrida tão longa que ameaça deixar esgotados candidatos e eleitores.
Lula tem hoje uma popularidade que não conhecíamos em nossa experiência democrática. Sobre os presidentes da República de 1945, quase não há dados comparáveis, mas toda a evidência, baseada em outras fontes, diz que não.
Quem consultar a imprensa do período, quem ler seus intérpretes, quem tiver memória própria, saberá que nenhum deles gozou da unanimidade com que conta o atual. Fora o fato de todos, com a possível exceção de Dutra, terem enfrentado crises agudas onde seus mandatos foram questionados, através de golpes, ameaças de golpe e sublevações diversas, de origem civil ou militar.
Da redemocratização em diante, o mesmo. Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique, cada um à sua maneira, tiveram seus auges de aprovação. No governo Sarney, ele foi alcançado dois anos depois da posse e durou alguns meses, na breve vida do Plano Cruzado. Quando o plano acabou de maneira decepcionante, Sarney nunca mais se recuperou.
O de Collor foi o mais engraçado, pois aconteceu antes que chegasse ao governo. No intervalo entre a vitória em dezembro de 1989 e a posse em março de 1990, as pesquisas mostraram que eram elevadíssimas as expectativas sobre seu desempenho e a avaliação positiva quase universal. Do discurso de posse ao final antecipado do governo, no entanto, os números só foram ladeira abaixo.
Itamar experimentou algo parecido, mas terminou de maneira diferente. Quando assumiu, em meio à crise do impeachment, toda sociedade torcia por ele e lhe tinha apreço. Mas seu governo teve uma aprovação sempre declinante, até ser recuperado pelo Plano Real.
Se Sarney começou baixo (pela frustração com a morte de Tancredo e a desconfiança que contra ele existia), subiu (com o Cruzado) e terminou mais baixo ainda, Itamar fez o percurso inverso: de alto a baixo e depois a alto de novo.
Sobre a avaliação de Fernando Henrique, o que mais chama a atenção, atualmente, é quão mal ela resistiu à passagem do tempo. Ao contrário dos bons vinhos, quanto mais tempo passa, pior fica.
Os elementos que fizeram com que ela fosse elevada, há poucos anos, como que sumiram. As realizações de seu governo, decisivas para que o país estivesse hoje melhor, ficaram secundárias, frente à antipatia com que é visto pela maioria das pessoas.
E Lula? Não só sua avaliação média, nos últimos dois anos, ganha de goleada da que todos tiveram, quanto os ultrapassa nos seus picos de popularidade. Ou seja, o Lula do dia a dia é mais bem avaliado que o Sarney do Cruzado, o Collor de antes da posse, o Itamar do dia da posse, o FHC do Plano Real.
Deixando de lado as explicações que têm sido aduzidas para esse fenômeno, de uma coisa podemos estar certos: a campanha eleitoral de 2010 só vai fazer com que Lula fique maior.
Do lado de Dilma, sua figura será enaltecida a ponto de se confundir com os arcanjos e os querubins. Sua campanha dirá que a obra de Lula é extraordinária, para justificar sua proposta de apenas mantê-la.
Do lado de Serra, ele mesmo tem afirmado que pretende polemizar é com Dilma, pois quer tudo, menos se defrontar com o presidente.
Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime. Querendo, voltaria à Presidência quantas vezes pudesse.
O perigo é que, nesse ponto, só sua convicção democrática nos separaria de outra aventura autoritária. Ainda bem que a tem.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A direita e o suplício de Papai Noel

O ano se encerra com interessantes contrapontos. As várias distinções honoríficas, prestadas ao presidente brasileiro pela imprensa internacional, fizeram desmoronar, como castelos de areia, a enxurrada de ritos sumários com que, a cada edição diária, a mídia nativa tentou desconstruir as realizações do governo petista e o capital simbólico acumulado pelo campo democrático-popular.O título de "Homem do Ano em 2009", concedido a Lula pelo Le Monde, o mais conceituado jornal da terra de Lévi-Strauss, representou " o suplício de Papai Noel" para um jornalismo que se esmerou, com textos de contornos cada vez mais nítidos, em servir como porta-voz das forças mais reacionárias da sociedade brasileira
Mas não nos iludamos. Entre a ingenuidade de alguns e a esperteza de outros, a orientação geral é descarregar cargas de fait divers sobre as premiações, ocultando seu real significado. Não se está enaltecendo a habilidade política de um homem, seu carisma ou simpatia. O que está sendo reconhecido é algo de magnitude bem mais ampla: a pedagogia de fatos que, por sua evidência, ensinou à Nação que só passando a limpo suas instituições econômicas, políticas e culturais não corremos o risco de perder a nossa hora e a nossa vez.
O que está sendo objeto de elogios é um governo que não está perdendo a oportunidade de fazer as mudanças sociais há muito reclamadas. Contrariando as transições por alto que tanto marcaram a nossa história, Lula personifica a ruptura com acumulação de farsas que chega, hoje, ao seu ponto de ruptura definitiva. O que conquistamos não foi o aplauso fácil de um país que se verga a antigas estruturas coloniais, mas o respeito de quem assume o papel de sujeito da própria história.
A opção pelo aprofundamento da democracia, pelo crescimento com distribuição de renda, pela economia baseada no consumo interno e na redução de renda per capita é o que marca a mudança de rumo desde as eleições de 2002. Some-se a isso a afirmação de uma política externa independente, com práticas assertivas na afirmação de alguns princípios de relações internacionais, apontando para a busca de uma ativa coordenação soberana com atores relevantes da cenário mundial, e veremos que as diferenças conceituais com o antigo bloco de poder neoliberal são expressivas demais para não contrariar interesses arraigados na subalternidade, na soberania rarefeita.
Encerrado um ano exitoso, o que cabe às lideranças partidárias e à militância? Não confundindo realidade com desejo, buscar uma política de alianças que assegure maioria para a vitória de Dilma Rousseff nas próximas eleições. Dessa vez, há partidos políticos e quadros suficientemente qualificados para manter um projeto que se distingue pela coerência e nitidez de sua vocação transformadora. Mas não será um embate fácil. A direita dispõe de considerável capilaridade e do apoio logístico da mídia corporativa.
Diante deste quadro, as esperanças não repousam apenas em arranjos regionais. Para além das máquinas partidárias- e de elaborações teórico-metodológicas que precisam ser desenvolvidas- a capacidade de mobilizar a juventude, fazer com que ela se alie ao mundo do trabalho e a todos os setores até então oprimidos é fundamental. Estão nas forças sadias, detentoras de mecanismos precisos de clivagem, as chances que temos de evitar a perda de uma oportunidade única que a história está oferecendo. É preciso dar continuidade ao “suplício do Papai Noel".
Um Feliz 2010 para o povo brasileiro.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.