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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fiabilidade de estudos de opinião

Nos idos anos 80, do século passado, sendo eu ainda um autentico “puto”, e algo inexperiente nas lides políticas, que faziam então movimentarem-se os movimentos estudantis, e de funcionamento interno dos partidos políticos, tive a grande oportunidade de freqüentar um; “Curso de técnicas de markting e ação política em campanhas eleitorais e movimentações políticas globais” em que num dos seus mais importantes capítulos se tomava consciência do modo de colheita; trabalho de estudo e fiabilidade daquilo a que vulgarmente se aplica por nomeação como – Sondagem – mas que não é mais do que um estudo de opinião com uma fiabilidade, na maioria das vezes, de muito baixa credibilidade e algo longe do potencial real das situações.



Nesse curso, ministrado pela então famosa firma de estudos de opinião – NORMA -, desde logo nos foi esclarecido pelos técnicos presentes, alguns americanos ligados ao mundo da alta política dos EUA a data, que os estudos de opinião tem uma fiabilidade de acordo em; primeiro lugar com as necessidades contratuais dos clientes, e que em termos políticos existem dois tipos de sondagem, sendo que a mais fiável, em termos de resultados finais, é a que é contratualizada pelo próprio partido político, ou a nível individual pelo político, que obviamente querem saber a situação real do seu posicionamento no tabuleiro do xadrez político de cada momento, para assim não cometerem o lapso de avançar com campanhas perdidas, ou de avançar por caminhos estratégicos errados, mesmo sabendo que as premissas estão erradas, ou ainda de ter uma sondagem positiva e estar a incorrer em erros futuros de avaliação e de estratégia política em termos de agressividade de campanha, que podem vir a custar uma vitoria que estava consolidada. Existe ainda a outra sondagem que e feita para agradar ao cliente que a quer divulgar junto da opinião publica, como forma de influenciar opiniões e cativar potenciais eleitores que gostam muito de estar do lado do vencedor, mesmo que ele não represente o melhor em termos programáticos ou sequer do seu ideal social.


Este segundo tipo de sondagem é realizada em moldes que permitam mascarar números com bastante facilidade, bastando para tal que o tipo de perguntas a efetuar sejam criteriosamente preparadas para obter um rácio de respostas tendencionalmente voltadas para os objetivos finais propostos, bem assim como a escolha dos locais de entrevista é estudado ao mínimo pormenor por via de que a larga maioria dos entrevistados tenha uma mentalidade social global de respostas muito aproximada dos objetivos percentuais finais que se querem atingir.


Um mero exemplo:


Uma sondagem quer saber qual o nível de aceitação de determinado político da área posicional de centro-direita. Se essa sondagem tiver como objetivo um resultado muito aproximado da realidade, a mesma será realizada aleatóriamente em zonas residenciais que abranjam a maior pluralidade de classes sociais, e de opiniões políticas e culturais. Mas se ao invés; a mesma sondagem pretender como que maquilhar a imagem do político, a maioria das perguntas, e o tipo de questões a colocar aos entrevistados do estudo será realizada por forma a abarcar um maior numero de entrevistados de zonas de habitação do chamado tipo A e B, denominadas de classes sociais: alta e média-alta, bem assim como o tipo de perguntas a realizar será em termos proporcionais, maioritariamente preparado para se obterem percentagens elevadas de respostas com uma boa imagem da criatura política em estudo, e das suas políticas levadas a efeito e das propostas já lançadas em termos de divulgação junto da opinião publica.


Se a sondagem quiser destruir, de certa forma, a imagem do tal político, será realizada em zonas tendencionalmente habitacionais de classes sociais inferiores em termos políticos, econômicos e culturais, e o tipo de perguntas a elaborar aos potenciais entrevistados será determinante para o objetivo de resultados finais, sem duvida alguma penalizadores para o político em analise


Serve tudo isto para; lhes dizer que a acreditar na fiabilidade cega e límpida das sondagens, em Portugal; jamais Francisco Sá Carneiro teria chegado a 1º Ministro de Portugal, partindo de um estudo que lhe dava a ele, e a coligação de partidos que o apoiava, a AD – Aliança Democrática –pouco mais de 30%. Mário Soares jamais teria conseguido ser eleito Presidente da Republica pois partiu de um estudo de opinião que lhe dava 6% das intenções de voto, e mesmo assim acabou por ser eleito na 2ª volta, contra todas as sondagens que davam como largamente favorito para a vitoria final; Diogo Freitas do Amaral.


Da mesma forma; jamais Aníbal Cavaco Silva teria conseguido ganhar as eleições de 1987 e 1991, e ser 1º Ministro, com duas maiorias absolutas, que nós na direção de campanha tínhamos noção de serem possíveis, pois tínhamos na nossa mão resultados dessas tais sondagens realizadas com maior fiabilidade e pedidas para serem feitas com abrangência, para se saber a realidade do ponto da situação. Com esses resultados presentes, aceleramos a campanha em determinados vetores nas duas ultimas semanas, dando enfoque a temas determinantes na opinião publica e com êxito chegamos ao resultado pretendido, que foram duas maiorias absolutas, sendo a segunda inclusivamente bem maior do que a primeira, o que noprmalmente não acontece, atendendo ao natural desgaste governativo, de alguém que estava no poder desde 1985.


No caso particular do Estado da Paraíba, no Brasil, também a acreditar nas sondagens, jamais Cássio Cunha Lima teria sido algum dia eleito Governador, mercê de uma vitoria eleitoral.


Desta feita; os diversos estudos de opinião, intoxicam a opinião publica com números que dão ampla vantagem eleitoral ao atual Governador do Estado – José Maranhão – colocando este como tecnicamente eleito logo na 1ª volta eleitoral.


Se bem que, potencialmente, e face aos restantes 6 candidatos, a diferença eleitoral seja abissal para os dois principais competidores, e se possa como que ter uma imagem de 2ª volta, o mesmo nunca pode ser real, atendendo a que os votos dispersos fazem com que as percentagens flutuem alguns dígitos, por poucos que sejam, e seja exigível muito mais votos para que qualquer um dos candidatos com mais largo potencial consiga passar o patamar mágico dos 50% de votos validamente expressos, ainda mais num colégio eleitoral de alguns milhões.


Coisa estranha esta, virtual, ampla vantagem de um dos candidatos, quando ainda por cima os dois maiores colégios eleitorais, João Pessoa e Campina Grande dão a vitoria eleitoral clara a Ricardo Coutinho, que surge como claramente derrotado na contenda.


Tal como referi acima, a maquilhagem de estudos de opinião é uma nobre arte de tentar enganar com certa sapiência os “trouxas” e os mais incautos na leitura de sondagens, fazendo recordar aqueles contratos das companhias seguradoras onde praticamente ninguém vai ler as letras pequeninas colocados no final do documento.


Obviamente que; a melhor (mais exata) leitura será a que poderemos fazer no dia das eleições, baseados em tudo o que pudemos ver durante a campanha, no seu dia a dia, e com o comportamento de eleitorado na resposta as mensagens transmitidas, e que no dia das eleições absolutamente nenhuma sondagem consegue vir desmentir, e muito menos mudar em termos de resultado final real obtido nas urnas.


Mas por vezes o descuido (direi que manifestamente propositado) de certos estudos é algo confrangedor.


No passado sábado foi divulgado um estudo de opinião – Sondagem – para o Senado, ao nível do Estado da Paraíba, que dava publicamente os seguintes resultados:


Cássio - 47%


Vital – 40%


Efraim – 32%


Wilson – 31%


Se somados estes números, dão o incrível indicador de 150%.


Ridículo é pouco para tamanha barbaridade em termos de divulgação, pois considero uma batota sem tamanho no tentar influenciar a opinião publica com números bárbaros...


É uma verdadeira vergonha esta sondagem que não tem o mínimo de fiabilidade, e muito menos o mínimo de pudor na apresentação de números impossíveis de se concretizarem, uma vez que a soma, para ser minimamente fiável, em termos numéricos, deveria dar 100%.


Ainda pergunto mais:


Onde estão os resultados dos outros candidatos? Onde estão os resultados das potencias intenções de votos brancos e nulos, e mais importante que tudo isso; onde estão os números relativos a potenciais eleitores indecisos?


No domingo saiu a sondagem relativa a candidatura a Governador do Estado da Paraíba, e mais uma vez surge o atual Governador destacado nos números, e o candidato opositor mais forte – Ricardo Coutinho - a subir lentamente, e dos outros candidatos nada se sabe de percentual de intenções de voto, bem assim como os números sobre os votos brancos e nulos, e tal como referi; o indicador mais importante na leitura deste tipo de sondagem, que são os indecisos não surge mencionado.


Realmente o melhor indicador para se ter uma leitura abrangente e minimamente fiável de uma sondagem, para além do numero de entrevistados, e zonas geográficas abrangidas na sondagem, é mesmo o numero dos chamados indecisos que nos dá a realidade potencial futura. A saber; se imaginarem que hipoteticamente 30% ou 40% de eleitores ainda não determinou o seu potencial destino de voto, a margem de erro da sondagem sobe exponencialmente muito, e deixa de se situar nos normais 3% para passar a situar-se em patamares de potencias 7%, 8% ou mesmo mais alto percentual, dependendo do numero de entrevistas recolhidas, sendo que o percentual varia de acordo com o aumento de entrevistas realizadas, sendo o mesmo inversamente proporcional em termos de redução de erro. Se somados esses tais 7% ou 8% de margem de erro, isso pode significar na globalidade uns 14 ou mesmo 16% para um dos lados, o que daria praticamente (no caso da Paraíba) um empate técnico entre os dois mais fortes candidatos ao governo do estado.


Não realizei nenhum estudo de opinião, no caso concreto do estado da Paraíba, baseado sequer em questões base colocadas aleatoriamente a alguns potenciais entrevistados, e como tal não tenho nenhum rácio de observação desse tipo, mas como bom observador e ótimo ouvinte da opinião publica generalista, tenho para mim que nem José Maranhão tem números tão desproporcionais de vantagem (e é visível a preocupação da sua maquina de campanha em manter na rua todo o manancial de campanha possível e imaginário tentando segurar os votos que tem desaparecido aos milhares nas ultimas semanas) ; nem Ricardo Coutinho esta assim tão negativado nas intenções de voto, que não lhe permita poder sonhar com uma 2ª volta eleitoral, pelo que aguardo com a natural expectativa e a máxima tranqüilidade os resultados do próximo domingo, 3 de Outubro, para poder mais uma vez, constatar o quanto são falaciosas as sondagens quando realizadas para maquilhar uma determinada candidatura.


Considero que foi um erro a desistência da candidatura de Cicero Lucena, que poderia ter ajudado de forma determinante a realização de uma potencial segunda volta eleitoral, por via da divisão de votos, que em pouco penalizaria Ricardo Coutinho, uma vez que ele tem o seu voto consolidado e em crescendo, e seriam votos de protesto político com a decisão de uma facção do PSDB em apoiar um candidato contrário as suas cores, e bem mais penalizaria José Maranhão que tem beneficiado desse voto útil de protesto, que eu considero se situar nos 5% ou 6%, não mais do que isso, e pode até vir a significar uma vitoria eleitoral.


Por outro lado, a presença de Cícero Lucena significaria um palco privilegiado para o candidato presidenciável José Serra que assim se tem visto dividido nos apoios.


No entanto; se estiver certo na minha leitura, em termos técnicos e estrateicos, vamos poder assistir a mais uma 2ª volta eleitoral no Estado da Paraíba, e por razão de números bem mais apertados do que aqueles que estão a ser lançados insistentemente junto da opinião publica.


João Massapina

Um comentário:

  1. Amigo João ta dificil de acreditar em números de pesquisas do ibope na epoca de eleição. São todas encomendadas e pagas...dai o resultado sempre alterado. bjos.

    Maria josé Evangelista Maria josé Evangelistafenixfree2@yahoo.com.br

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